segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Depoimento: Lucas Menezes

A minha trajetória começou bem cedo, me interessava pela literatura jurídica desde o ensino médio, lendo ocasionalmente resumos para concursos que pertenciam ao meu pai. Ele tinha sido aprovado há pouco tempo para Oficial de Justiça na Justiça do Trabalho, despertando em mim e em meu irmão, Jurandi Ferreira de Souza Neto, a vontade de prestar concursos públicos.

Fui aprovado em diversas universidades públicas do meu Estado, mas uma série de fatores me fizeram optar pela mais renomada faculdade privada da minha cidade, em que o meu pai lecionava. Desde o início do curso eu tive a certeza de que não poderia esperar de aula nenhuma o conhecimento de que eu precisava no mundo dos concursos, de forma que passei a estudar diariamente as doutrinas de matérias comuns à maioria dos certames.

No primeiro período do curso, em 2012, iniciei minha trajetória de concurseiro ao prestar a prova de Técnico Judiciário do TRF5. Apesar de aprovado, fiquei longe das vagas, o que me serviu de estímulo. Dei continuidade aos estudos, por volta do terceiro período, fazendo as provas de Técnico e Analista do MPU em 2013. Para analista fui reprovado, enquanto fui aprovado para técnico – igualmente longe das vagas. Neste ínterim, fui aprovado em seleção para estagiário do Ministério Público da Paraíba e posteriormente para estagiário de Procuradoria-Seccional Federal, laborando por alguns meses em cada um.

Sempre tentando aumentar o nível, no quarto período, ainda em 2013, fiz o concurso para Assessor Técnico do Controle Interno da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte. O resultado foi bem melhor que os anteriores e, embora reprovado, fiquei próximo das vagas em um concurso de alto nível. Esse fato foi decisivo para que eu deixasse de lado os concursos-meio e iniciasse os concursos-fim.

No meu quinto período do curso, já em 2014, ingressei no estágio da Procuradoria da Fazenda Nacional em Campina Grande/PB, onde conheci profissionais altamente qualificados, como o professor Arthur Moura e Caio Graco. Sob sua influência, resolvi prestar o concurso de Defensor Público do Estado da Paraíba, em cuja fase objetiva fui reprovado por poucas questões. Eu sabia que estava próximo.

No fim de 2014, no sexto período do curso, prestei o concurso da Procuradoria do Rio Grande do Norte, no qual obtive pontuação ainda mais alta, porém não o bastante para alcançar a nota de corte. Pouco tempo depois, no início de 2015, realizei a prova objetiva para Procurador do Paraná. Saí da prova com muito otimismo, o Olho na Vaga inclusive apontava minha aprovação com folga antes da liberação do gabarito oficial. A alegria durou pouco, já que fui igualmente reprovado por pouquíssimas questões.

Embora cada reprovação fosse um pouco sofrida, havia simultaneamente uma injeção de ânimo ao ver que estava a cada dia mais próxima a realização de um sonho. A esta altura, já tinha um ano de estágio na Procuradoria da Fazenda nacional, estava certo de que queria ser Procurador da Fazenda Nacional e aguardava ansiosamente por este concurso. Em julho de 2015, então, quando eu estava no sétimo período do curso, o tão esperado edital foi lançado.

Já há algum tempo me preparava pensando na prova de Procurador da Fazenda Nacional, então dediquei meus últimos meses a revisar os assuntos mais importantes. Foquei nas matérias responsáveis pela maior parte da prova, como constitucional, administrativo, tributário em processo civil. Às demais dediquei poucas horas semanais.

No dia seguinte, o Olho na Vaga apontava minha aprovação com folga e eu estava exultante, mas a saga não havia terminado. Com o gabarito preliminar eu estava reprovado por não ter feito 50% no grupo III da prova objetiva, responsável por apenas oito questões (penal, trabalho e previdenciário) – fica a dica de não menosprezar nada.

Já tinha ouvido falar que os recursos são mais uma fase dos concursos e, junto ao meu irmão, que estava na mesma situação, fomos à procura de anulações. Encontramos mais dois amigos, Rafael Taveira e Bruno Barros, e conseguimos anular duas questões, resultando na aprovação de todos. Este grupo permaneceu coeso até a prova oral. Preparamos materiais para consumo próprio com os temas mais importantes para PFN, fizemos rodadas no Skype e utilizamos um grupo no WhatsApp para tirar dúvidas.

A previsão de conclusão do concurso estava prevista para maio de 2016 – embora só tenha terminado em novembro em razão de reiterados atrasos da ESAF, ao passo em que a minha colação de grau tinha previsão apenas para dezembro de 2016. Tive então que me apressar para conseguir uma antecipação de conclusão do curso. Felizmente tudo correu bem, no primeiro semestre de 2016 eu cursei o nono e o décimo período simultaneamente, terminei o estágio na Procuradoria da Fazenda Nacional, prestei estágio complementar na faculdade, fiz o Trabalho de Conclusão de Curso e fui aprovado na OAB.

Vejam que na maior parte do tempo eu só tinha um turno livre para estudar (às vezes nem isso), em razão da faculdade e estágios. Não obstante, renunciei a algumas atividades, como aulas de francês e de kung-fu. Além disso, como estudei com bastante método, seguindo horário de estudos, cronograma e revisões cíclicas, conforme orientações da minha namorada, monitora de cursinho para medicina.

A disciplina e o trabalho duro foram recompensados com essa sonhada aprovação em boa colocação, aos 22 anos, no cargo com que sonho há tanto tempo. Como se não bastasse, a alegria foi redobrada com a aprovação do meu irmão, Jurandi, aos 23 anos, para o mesmo cargo!

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